22 novembro 2015

20 de nov. 2015 - lançamento do carteio de José Régio com seu irmão Antonino

Surpreendente esta edição das cartas trocadas entre José Régio e o seu irmão Antonino que, em 1924, com 19 anos de idade, emigrara para o Brasil e que nunca mais se reuniria com a sua família.


Extrato do 'Estudo Introdutório':


«José e seu irmão Antonino nasceram no mesmo berço e receberam a mesma formação primordial, mas esta produziu resultados divergentes que se evidenciaram logo quando o primeiro rumou a Coimbra para seguir estudos superiores de Letras, optando o segundo, pouco antes de o seu irmão concluir a licenciatura, por uma precoce vida de trabalho e partindo com 19 anos de idade para o Recife, capital do Estado do Pernambuco, no Brasil.

Tal como discorre Régio em carta ao seu amigo Flávio Gonçalves, o Brasil perfilava-se para Antonino como o Eldorado de sonho que o sucesso do tio-avô brasileiro lhe figurava promissor, esse José Maria Pereira que em 09.11.1844, com 14 anos de idade, para escapar às dificuldades de ter nascido entre mais 13 irmãos, tirara passaporte para o mesmo Pernambuco, vindo depois, durante a década de 70 do séc. xix, a fixar-se na capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro. Terá sido a consciência de que a família devia o seu confortável estatuto económico e social à aventura do tio-avô dos irmãos Reis Pereira pelas terras brasílicas que terá atenuado a objeção paterna à emigração de Antonino para o Nordeste brasileiro.

Podemos dizer que Antonino triunfou no Brasil e que simultaneamente se quedou muito aquém dos seus sonhos. Aquém, porque, manifestamente, não conheceu no Recife o sucesso que o seu tio-avô obtivera décadas antes e acabou confinado à mediania de uma existência de empregado de escritório, probo e bem-comportado. Mas a sua emigração foi também um êxito, já que conseguiu integrar-se e aculturar-se, conquistando uma vida estável e socialmente acomodada. Sem essa adaptação ele teria sido forçado a regressar à sua terra natal em falência económica e moral, como sucedera a Manuel da Bouça, o anti-herói de Emigrantes de Ferreira de Castro».









Imagens do lançamento:




Créditos: Florindo Madeira, Filipe Pereira

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