Cinema

a) Textos sobre o cinema



José RÉGIO (1933) Contra-reclamo da mediocridade, Movimento, quinzenário cinematográfico 10, Porto, 15.11, s/p.



b) José Régio como autor ou consultor



1963






Ato da Primavera
de Manoel de Oliveira
Visionamento integral;
drama;
94 min.;
estreia a 2 de outubro;

José Régio foi consultor em matéria de religião popular para este docudrama baseado no Auto da Paixão, de Francisco Vaz de Guimarães, que opera a fusão de um texto arcaizante com a sua dramatização popular e a arte novíssima do cinema.

José RÉGIO (1963) Coisas nossas – Manuel de Oliveira e o cinema português, O Comércio do Porto, Porto, 08.10, Suplemento cultura e arte, 5, 6; rep. (1994), Crítica e ensaio 2, [s/l]: Círculo de Leitores, ('Obras escolhidas de José Régio', 13), 377-383:

«No Ato da Primavera se pode sustentar que a própria atuação dos intérpretes, particularíssima como é, (seria ela que chocou o pobre júri do festival de Veneza?) precisamente se integra na rara qualidade artística e originalidade fundamental desse admirável filme» (6). 

José RÉGIO (1964) Coisas nossas – Um depoimento de Rodrigues Miguéis sobre o ‘Ato da Primavera’, O Comércio do Porto, Porto, 22.09, Suplemento cultura e arte, 5; idem (conclusão), 27.10, Suplemento cultura e arte, 5:

Neste artigo Régio rebate as depreciações de Rodrigues Miguéis ao docuficção de Oliveira. José Régio expõe a confusão em que Miguéis incorre ao ser incapaz de destrinçar os três planos, o do texto do ‘Auto’, o da atuação no ‘Ato’ e o da realização do autor do filme.

Maria Idalina Resina RODRIGUES (2007) A ‘Oração no Horto’: um ‘Auto’ quinhentista e suas recuperações, Via Spiritus 14, Fac. de Letras da Univ. do Porto, Porto, 91-108:

«Percorrendo Trás-os-Montes, em 1962, em busca de moinhos que lhe espicaçassem o imaginário para se abalançar a uma película sobre o pão, em que de há muito vinha cogitando, cerca da Curalha fixou-se o cineasta cristão Manoel de Oliveira em três cruzes de rústica madeira, simetricamente colocadas à beira de uma estrada. Inquirindo a sua razão de ser, foi informado de que, naquela aldeia, iria, uma vez mais, ter lugar uma representação popular do Auto da Paixão, de Francisco Vaz de Guimarães, discreto dramaturgo português de quinhentos, e de que os intérpretes seriam os próprios habitantes da região. Naturalmente inquieto e compreensivelmente curioso, Oliveira quis conhecer o espetáculo; deve ter gostado e, a partir dele, deu vida perdurável ao seu segundo filme de ficção, Ato da Primavera, em que contou com José Régio como consultor intelectual» (91).



1965 




As pinturas do meu irmão Júlio
de Manoel de Oliveira
documentário;
15 min.;

Ana MIRANDA (2011) PINTURA MOVENTE: AS PINTURAS DO MEU IRMÃO JÚLIO, Doc On-line 10, (agosto), 177-186:

«Trata-se de uma curta-metragem para a qual Manoel de Oliveira começou a trabalhar em 1950. Na época, era intenção do realizador que este filme fosse o primeiro capítulo de um documentário que se denominaria O Palco de um Povo, onde ― seriam incluídos autos, passagens de romances portugueses, documentários sobre artistas, trechos literários dos escritores, na ideia de criar um objeto fílmico ― sobre toda a laboração de um povo. Deste extenso documentário, que não chegou a concretizar-se por falta de apoio financeiro, fariam parte Ato da Primavera, O Pão, Romance de Vila do Conde, Poeta Doido e O Vitral e a Santa Morta.
Outro aspeto relevante é o facto de
As Pinturas do Meu Irmão Júlio ter sido planeado como um filme sobre José Régio, projeto em que uma visão da sala que continha as pinturas de Júlio Pereira (irmão de Régio) seria uma parte do todo que o realizador tinha imaginado sobre o escritor.
Nas palavras de Oliveira, Régio ― aparecia e, enquanto dizia estou aqui, rodeando e mostrando em volta os seus quadros, desaparecia e só os quadros ficavam a representá-lo. Pela impossibilidade de acabar o filme decidiu isolar esta parte que, segundo ele, ― bem podia completar-se por si».



1975






de Manoel de Oliveira
drama;
112 min;
estreia a 21 novembro;
baseado na peça homónima de José Régio;


Estreou em 21 de Novembro de 1975 no cinema Apolo 70. Segundo filme da "Tetralogia dos amores frustrados", que inclui O Passado e o Presente, Amor de Perdição e Francisca.

Manoel de Oliveira (1989) Entrevista a João Bénard da Costa:

«A Benilde é uma obra a que eu dou, hoje, uma importância muito grande na minha evolução, na minha reflexão. Conscientemente, foi quando me dei conta de uma série de coisas. Porque estava confrontado com uma unidade de tempo, de ação. E me dei conta que a tinha de conservar, que fixar, para que essa unidade se não perdesse. O cinema só podia fixar». 

Maria do Rosário Luppi Bello (2010) A “Tetralogia dos Amores Frustrados”: amor e paixão no cinema de Oliveira, Revista do CESP vol. 30, 43 (jan.-jun.), 53-72: 

«Através das quatro obras da sua “Tetralogia dos Amores Frustrados” (que incluem os filmes O Passado e o Presente, Benilde ou a Virgem Mãe, Amor de Perdição e Francisca, todos eles baseados em obras da literatura portuguesa), o cineasta exprime aquela que considera ser a incomunicabilidade última da relação entre homem e mulher, bem como a intangibilidade do amor absoluto. Apesar da dramaticidade desta visão, os filmes de Oliveira não resultam em obras negativas ou pessimistas, nem marcadas por um tom sentimental ou radicalmente melodramático, já que o realizador nelas evidencia uma constante ironia – testemunho de uma capacidade de sorrir do acessório para sublinhar o essencial –, bem como testemunha, acima de tudo, a percepção positiva da incomensurabilidade do desejo como forma de remeter para o infinito. Deste modo, a sua obra, marcada por um gosto assumidamente português, extravasa as fronteiras nacionais para se relacionar com a arte universal naquilo que ela exprime de mais profundamente humano».


1980





de António de Macedo
comédia;
105 min.;
estreia a 29 agosto;
baseado na peça homónima de José Régio;
IMDB



1986



 

de Lauro António
drama; 92 min.;
estreia a 11 de setembro;
baseado na novela homónima de José Régio;



1987




de Manoel de Oliveira
drama;
92 min.;
estreia a 8 de maio;
baseado na peça homónima de José Régio

    Eduardo Neves da SILVA (s/d) Cinema e provocação – um estudo do filme 'O meu caso', de Manoel de Oliveira:

    «Embora tenha como nome O meu caso, o filme em questão não é composto apenas da peça de José Régio, a qual é reproduzida integralmente na primeira tomada. É questionável, aliás, classificar este filme como uma adaptação; melhor seria chamá-lo, nas palavras de Silveira e Corradin, de uma “releitura cinematográfica”, abarcando três matrizes principais: a peça regiana, o texto de Beckett e o livro de Jób».


    Ficha técnica.



    2005 





      de Manoel de Oliveira
      drama;
      127 min.;
      estreia a 27 de janeiro;
      baseado na peça El-Rei Sebastião de José Régio
      IMDB


      2008

        
        

      de Manoel de Oliveira
      com um poema de José Régio.