21 março 2016

A poesia sai à rua numa homenagem ao poeta José Régio - Portalegre, 21.03.2016


Lusa, 08 Mar, 2016, 10:14 | Portalegre evoca José Régio no Dia Mundial da Poesia

O poeta José Régio (19011960) vai ser homenageado em Portalegre, numa iniciativa da Fundação Inatel, que se realiza Dia Mundial da Poesia, a 21 de março, divulgou hoje esta instituição.

A praça da República da cidade altoalentejana e o Centro de Artes e Espetáculos são os cenários para um "espetáculo de homenagem e celebração da vida e obra de Régio, no qual participam vários grupos culturais através da poesia, teatro, música, dança e cinema, numa viagem com encenação a cargo de Hugo Sovelas", segundo fonte da Fundação.

No dia 21, a partir das 16:30, na Praça da República e no Café Concerto do Centro de Artes e Espetáculo, realizam-se "diversas atividades, nas quais a população é desafiada a traduzir a poesia e o colecionismo, duas paixões incontestáveis da personalidade de Régio, através da pintura, desenho e escrita, culminado numa instalação que será exibida no final do espetáculo", segundo a mesma fonte.

A partir das 17:00 realizam-se visitas guiadas à Casa Museu José Régio, que "darão a conhecer o gosto do poeta por antiguidades e pelo colecionismo, num percurso dirigido em que o ator Paulo Bórgia, que dará corpo ao homenageado, revelará uma faceta mais íntima do artista" e o facto de esse gosto, segundo o próprio autor, ter raízes na influência de seu avô.

Às 19:00, no grande auditório do Centro de Artes e Espetáculo, o ator Rui Mendes procederá à leitura do Manifesto da Poesia intitulado "A palavra feita de palavras", um original do escritor José Luís Peixoto.

O espetáculo conta ainda com as participações do Coro Infantil dos Assentos, do grupo de cante alentejano "Os Lagóias" do Orfeão de Portalegre, dos grupos Momentos da Poesia, Amigos da Poesia e Silvina Candeias, de Vocalóide Teatro vocal e coreográfico, e da fadista Alexandra Martins, acompanhada pelos músicos José Sousa, na guitarra portuguesa, e José Geadas, na viola.

Refira-se que José Régio, autor de "Fado português", que Amália Rodrigues gravou, "Cântigo negro" e "Toada de Portalegre", entre outros poemas, foi professor no Liceu Mouzinho da Silveira, na cidade de Portalegre, que preserva a sua casa como museu, incluindo coleções de escultura, pintura, faiança, mobiliário, metais e têxteis, destacando-se a dos Cristos.

A casa era uma pensão, onde Régio alugou um quarto, mas, ao longo dos 34 anos em que viveu na cidade, foi adquirindo outros quartos, até ficar com a casa por completo. Em 1965, Régio vendeu a sua coleção à Câmara Municipal com a condição de esta adquirir a casa, a restaurar e transformar em Museu, ficando o autor de "Vestido cor de fogo" com o usufruto até à sua morte, que ocorreu em Vila do Conde, sua terra natal, a 22 de dezembro de 1969. A Casa Museu abriu portas a 23 de maio de 1971.

Esta iniciativa da Fundação "enquadra-se na missão cultural da INATEL, enquanto consultora da Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial e pretende evocar a importância do património literário português".

O fadista Ricardo Ribeiro adiantou à Lusa, que está a preparar a composição musical para "Toada de Portalegre", um poema de José Régio, dedicado à cidade, que deverá apresentar no final deste ano, no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa.