27 março 2017

A primeira tradução romena de um livro integral de José Régio, nos 70 anos de "Histórias de mulheres"

Articulada por Filipe Delfim Santos, que também assina o respetivo prefácio, acaba de ser disponibilizada ao público, com data de 2016, a edição romena de Histórias de mulheres, livro que José Régio coligiu em 1946, nele incluindo alguns contos já publicados e outros inéditos — e que veio a reformular em 1968, dando-lhe a sua forma definitiva com a anteposição da novela Davam grandes passeios aos domingos..., que estreara em 1942.

edição, notável pela sua sobriedade, elegância e aprumo estético, recebeu o novo título de "Mulheres e suas histórias", em romeno Femei și poveștile lor.

A tradução é mais um magnífico trabalho da grande lusista e incansável tradutora Georgiana Bărbulescu, que também redigiu as indispensáveis notas de contextualização.

Georgiana tem sido uma cultora excecional da literatura portuguesa entre o público romeno, a quem oferecera recentemente a tradução de Confissão de Lúcio / Mărturisirea lui Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro, um autor da predileção de José Régio.

Em 2002 publicara uma antologia de cinco poemas de José Régio em versão original e tradução romena: A virgem louca / Fecioară rătăcită; Ícaro / Icar; Libertação / Eliberare; Ignoto Deo / Ignoto Deo e Fado português / Fado portughez.

Veja-se o post que aqui deixámos em julho de 2015.

Estão de parabéns a editora, a tradutora e o prefaciador, que tem sabido de forma brilhante levar José Régio ao público estrangeiro, tendo agora assinado o primeiro estudo em inglês sobre a sua obra, Education and the Boarding School Novel, The Work of José Régio (2017).

Ainda uma palavra de apreço pelo Instituto Camões, que auxiliou a EDITURA UNIVERS a materializar este projeto. São estas traduções que merecem todo o apoio e não o financiamento a línguas e a editoras que operam num grande mercado como o inglês. Essas terão meios próprios e mal andará Portugal se lhes custear as edições, mendigando uma atenção que de outra maneira lhe não seria "concedida". Os apoios serão bem mais felizes se forem destinados àquelas línguas que, apesar de ilustres e com literaturas pujantes, se encontram circunscritas geograficamente e alimentam mercados livreiros de menor expressão, sejam elas idiomas exóticos e distantes — ou tão próximos como o dos nossos irmãos latinos do Leste europeu.

Régio.pt